É o maior evento do setor realizado na América Latina e conta com a presença de representantes das principais empresas do Brasil e dos mais importantes segmentos da economia mundial. O objetivo é apresentar o progresso tecnológico e técnicas de gerenciamento e execução de vanguarda, visando a melhoria da qualidade, produtividade, segurança e racionalização de custos na manutenção e gestão de ativos, além da preservação ambiental. Como atração paralela acontece a Expoman (Exposição de Produtos, Serviços e Equipamentos para Manutenção e Gestão de Ativos).

Por Marisa Zampolli
O setor elétrico sempre representou um pilar na economia do País e na última década, com a necessidade de aumento da competitividade dos setores produtivos e de infraestrutura, seu papel tornou-se ainda mais importante.
Também no último decênio o mundo conviveu com as crises financeiras e os altos custos da energia, em conjunto com as questões ambientais e a mobilização em torno da sustentabilidade do planeta, isto contribuiu para impulsionar a constante busca da eficiência energética e da melhoria de resultados por parte das empresas do setor, que passaram a buscar tecnologias e metodologias que as tornassem mais competitivas e rentáveis dentro do mercado regulado.
Neste contexto, os primeiros conceitos de gestão de ativos advindos do setor financeiro aliados aos requisitos mínimos de gestão de riscos e boas práticas de manutenção originaram a mudança estratégica de atuação de empresas de serviços ou “utilities” em países como Inglaterra, Austrália, França e Canadá que demandaram a criação de uma especificação para a gestão de ativos físicos: a PAS 55 da BSI (British Standards Institution).
Atenta a este movimento internacional a ICA (International Copper Association) da América Latina lançou em 2011 uma pesquisa em 40 empresas do setor elétrico, incluindo geradoras, distribuidoras, transmissoras, agencias de regulação e empresas de TI voltadas ao setor, com o objetivo de identificar as melhores práticas e tendências da gestão de ativos em 6 países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru. Os resultados da pesquisa apontaram na época grandes diferenças e estágios de processos de gestão de ativos entre os países e entre as empresas participantes.
Dentro da amostra entrevistada, nenhuma empresa apresentou o sistema de gestão de ativos implantado na sua totalidade e somente 16% das empresas estudavam como atender os requisitos da PAS-55, por pretenderem adequar seus sistemas para obter uma certificação internacional. Este cenário fez com que a ICA lançasse um guia básico para implantação dos principais conceitos de gestão de ativos em empresas de qualquer porte.
Agora, esta pesquisa foi atualizada pela ICA, e o resultado será apresentado no 29º Congresso Brasileiro de Manutenção e Gestão de Ativos e 3º Seminário Nacional de Manutenção de Gestão de Ativos do Setor Elétrico, em setembro.
Com base na pesquisa e em outras publicações a ICA entende que é fundamental que as empresas de energia ou concessionárias por serem consideradas como companhias de capital intensivo requerem um processo de gestão integrado e sistêmico devido à variedade e a criticidade de seus ativos, vitais para o sucesso do negócio.
Nestas empresas as decisões sobre os ativos envolvem análise de riscos, agilidade de operação e investimentos em manutenção ao longo do ciclo de vida. Muitas vezes essas decisões são acompanhadas por grandes compromissos financeiros e de alto risco que se não forem completamente controlados serão capazes de afetar o desempenho da empresa.
A falta de conhecimento dos investimentos e custos ao longo do ciclo de vida dos equipamentos, da iminência de falhas e a ausência de uma gestão de risco apropriada fazem com que investimentos importantes sejam ignorados, postergados, colocando em risco o desempenho e a imagem da empresa.
Neste aspecto, a gestão de ativos é o processo que determinará a aquisição, o uso e a alienação de ativos para se obter os melhores benefícios de seu desempenho, gerindo os riscos e custos relacionados ao longo do ciclo de vida.
Para ser bem sucedida, a gestão de ativos requer uma abordagem disciplinada, que permita à empresa atingir seus objetivos estratégicos.
No caso de empresas de energia, cuja atuação depende do desempenho de seus ativos, o sucesso na prestação de serviços é significativamente influenciado pela forma como estes ativos vitais são administrados, seja na decisão por um equipamento eficiente que minimize os custos ao longo do ciclo de vida; ou na opção de substituir um ativo antes que uma falha indesejada aconteça.
Mesmo com algumas empresas já adotando as orientações da PAS 55 em 2011, era necessário criar um padrão ou referência que tivesse o reconhecimento internacional e colocasse o Brasil em fase com o mercado internacional que já preparava as normas ISO para gestão de ativos.
Desta forma, a ICA e a ABRAMAN (Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos) fundaram, com representantes de outras 40 empresas, a Comissão Especial de Estudos em Gestão de ativos na ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que publicou em janeiro de 2014 as normas brasileiras de gestão de ativos da série ABNT NBR ISO 55000 e, desde então, vem desenvolvendo trabalhos e normas sobre o assunto.
*Marisa Zampolli é engenheira, secretária da Comissão Especial de Estudos em Gestão de Ativos da ABNT e consultora da International Copper Association (ICA).
FONTE: http://www.leonardo-energy.org.br