Publicado: 18 de novembro de 2012
Categoria: Artigos Técnicos
As normas de interruptores e tomadas de uso doméstico e análogo, a ABNT NBR NM 60669-1 e a ABNT NBR NM 60884-1 respectivamente, tratam dos requisitos técnicos, de segurança e de desempenho desses produtos através de procedimentos de inspeção e ensaios.

Por Antonio C. M. Santos
Essas normas foram elaboradas na CE23.02-Comissão de estudos de Interruptores e Tomadas da ABNT/CB03 e do COBEI-Comitê Brasileiro de Eletricidade com a participação de especialistas de empresas, entidades de classe e membros da sociedade.
Baseados em normas internacionais da IEC, a International Electrotechnical Commission, de mesmas numerações, as normas NBR NM 60669-1 e NBR NM 60884-1 são aplicadas a todos os acessórios destinados a uso doméstico e análogo, no interior ou no exterior de edifícios.
Entende-se como “acessórios” aqueles interruptores de parede e todos os tipos de tomadas que encontramos nas mais variadas aplicações do dia a dia. O termo “uso análogo” entende-se por ser todo aquele ambiente, inclusive presente em edificações comerciais, hospitais, industriais, de serviços etc, cujo manejo de aparelhos eletroeletrônicos possa ser feito por pessoas sem conhecimento da área elétrica.
As normas dos acessórios estabelecem parâmetros técnicos de construção e ensaios para a verificação de requisitos mínimos de segurança e de funcionamento às solicitações térmicas e esforços elétricos e mecânicos que ocorrem na utilização normal do produto.
1) Os Bornes
Nesse artigo técnico vamos abordar o universo do que chamamos de “bornes”.
A origem dessa terminologia adotada no Brasil é oriunda da normalização internacional, extremamente difundida nas comissões técnicas da IEC pelo mundo para os mais variados tipos e segmentos de produtos elétricos e eletroeletrônicos, nos seguintes idiomas: do francês como “Borne” e do inglês como “Terminal”.
Nas CEs da ABNT adotou-se a nomenclatura “Borne” do idioma francês, pois adotar o que muitos chamam de “terminal” traria dúvidas, pois sendo o nosso idioma, a língua portuguesa brasileira, muito rica em interpretações, é muito fácil confundir com outras aplicações, pois muitos segmentos como o de conexões de fios e cabos o terminal é um componente que serve para dar diferentes acabamentos na extremidade dos condutores. Outra mistura de aplicação está relacionado com os terminais de hardware ou mesmo confundir ao que chamamos de “terminação” que é uma outra forma de prover a conexão de condutores a barramentos e placas de circuito de impressos.
Bom, depois dessa “sopa de letrinhas” ou de “palavras parecidas” vamos avançar um pouco mais no mundo dos bornes.
A definição de borne é a seguinte: dispositivo de conexão, isolado ou não, que permite a conexão desmontável dos condutores de alimentação.
São basicamente 2 tipos:
- borne com parafuso
para a conexão de dois ou mais condutores por meio de elementos de aperto por parafusos
A versão de borne por parafuso passa também por várias versões para a obtenção do aperto desse borne e para isso torna-se necessário o uso de uma ferramenta.

- borne sem parafuso
que permite a conexão e posterior desconexão de um condutor ou a interconexão desmontável de dois ou mais condutores
Esta conexão é realizada diretamente ou indiretamente por meio de um mecanismo interno por molas, peças de formato angular, excêntricas, cônicas, etc., onde não é necessário efetuar preparação especial do condutor em questão, a não ser a retirada do isolante. A seguir alguns exemplos dos tipos de bornes sem parafuso:
a) Borne sem parafuso b) Borne sem parafuso c) Borne sem parafuso
com pressão indireta com pressão direta com elemento atuando sob pressão



Os bornes sem parafuso podem ser manobrados pelo usuário com ou sem ferramenta.
São muito difundidos na Europa e no Brasil, é uma novidade que vem sendo cada vez mais adotada pelos usuários pela facilidade que esse sistema traz na conexão dos condutores. Os fabricantes adotam nomes comerciais aos bornes sem parafusos e são muitas as nomenclaturas: “borne automático”, “conexão sem parafuso”, “borne com mola sem parafuso”, “borne de ligação direta” etc.
Abaixo modelos de produtos no mercado:

2) Ensaios
Analogamente aos bornes com parafuso, os bornes sem parafusos também passam por avaliação crítica de desempenho de seus mecanismos quanto à funcionalidade elétrica e mecânica.
2a) Ensaios térmicos e mecânicos: verificação estrutural dos bornes automáticos quanto aos esforços térmicos e mecânicos suscetíveis de ocorrer em uso normal e são realizados por intermédio de dispositivos normalizados e instrumentos de medição calibrados.
- Torque, Flexão e Torção no borne automático pelos condutores;
- Tração no borne automático pelos condutores;
- Impacto mecânico;
- Força necessária para retirar o plugue da tomada munida de borne automático;
- Acondicionamento das diferentes seções a serem conectadas ao borne automático;
- Desempenho em estufa e em câmara higroscópica.
2b) Ensaios elétricos: verificação funcional dos bornes automáticos quanto aos esforços mecânicos e térmicos suscetíveis de ocorrer em uso normal tendo como referência a corrente e tensão nominais (In e Vn) dos acessórios e são realizados por intermédio de dispositivos e cargas elétricas normalizados.
- Aquecimento elétrico;
- Funcionamento elétrico com In e Vn;
- Funcionamento elétrico com carga de lâmpadas;
- Funcionamento elétrico com carga elétrica específica (cargas indutivas e capacitivas);
- Medição da queda de tensão nos meios de aperto dos bornes automáticos após ciclo térmico de aquecimento elétrico;
3) Conclusão
Não há dúvida que os bornes automáticos são tão seguros quanto os tradicionais bornes com parafusos, pois a norma técnica, que é a mesma para os dois sistemas, prevê os ensaios adicionais para garantir a segurança da aplicação dos produtos munidos de borne automático na instalação elétrica. Como mencionado os bornes automáticos trazem maiores benefícios, pois o sistema de conexão rápida proporciona maior conforto e mais eficiência na montagem dos mecanismos. Considerando o volume de produtos que um edifício contém, dá para imaginar a economia de tempo e de dinheiro que os bornes automáticos proporcionam ao usuário.
